quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um comichão dentro de mim.

Quando ninguém mais consegue ver e o que antes era visão se transforma e um imenso clarão branco.

A minha curiosidade em saber o que se passa na cabeça de uma pessoa é enorme e às vezes me é perturbador. Ao terminar de ler “A Viagem do Elefante”, eu quis saber como se sentiu José Saramago ao terminar de escrever o livro, a minha curiosidade era tamanha que o quarto me ficou tão pequeno e logo depois a casa que não agüentei e saí pela rua. Andei e fui até a praça do centro de minha cidade, um lugar enorme, com muitas árvores, muitos bancos e me senti bem ali. Mas as perguntas e as curiosidades só aumentavam. Comecei a focar todo o meu pensamento na figura do escritor José Saramago, qual era as suas perguntas e curiosidades? O que ele fazia quando começou a escrever as primeiras linhas de “A Viagem do Elefante”? Quais eram as suas vestes, a luz do ambiente, as experiências vividas naquele dia? A minha mente viajou muito, por um bom tempo fiquei ali, horas olhando para imensa praça, horas olhando pro chão e horas ainda no movimento do ambiente. Aquilo seria um grande laboratório?
Quando li “As Intermitências da Morte”, me aconteceu à mesma coisa, só que na ocasião não dei muita liberdade pra minhas ideias como agora. Nas histórias do escritor, tudo é diferente do que você lê, a primeira impressão é de estranheza, muitos desistem já nas primeiras páginas de “O evangelho segundo Jesus Cristo” quando ele começa a narrar as várias "Marias" do mundo e suas dores. Mas eu fui curioso e queria sacar ou ter uma resposta para o que era aquele ser que escrevia aquelas belas histórias.
A cada novo livro eu me deparo com grandes questões sobre nós e sobre o mundo que nos rodeia. Saramago nos faz se incomodar com o estilo de vida de que vivemos e que tanto sonhamos.
O incomodo que existe dentro de mim agora é enorme.
Tudo o que você olha e ouve o deixa incomodado. Mas não seria o que Saramago vê e ouvi a sua grande inspiração?
As questões enormes que existem dentro de mim me comicham e me fazem ir até um caderno ou qualquer folha em branco para me aliviar um pouco, mas nem sempre as questões saem tão naturalmente no papel como elas existem dentro de mim.
O que Saramago provoca em mim, deve ser algo mais grandioso ainda do que eu possa imaginar.

2 comentários:

Fernz disse...

eu nao sei se vc eh lindo por fora... mas parece ser por dentro.

entendo como eh essa vontade de se aliviar no papel.... e agora me deu vontade de ler mais Saramago tb =)

bj

Doug disse...

dorei o post! senti esse mesmo "comichão" quando li "Cegueira". Terminei esses dias "O Evangelho", nem vou escrever nada sobre, por enquanto me sinto incapaz.